As diferenças, já se iniciam, por uma se tratar de uma linha de urbanismo progressista, como a Cidade-Industrial de Garnier, e a outra do urbanismo culturista, como a Cidade-Jardim, de Ebenezer Howard. A questão da população das cidades, há uma diferença, pois de acordo com a Cidade-Jardim de Ebenezer Howard é estipulado um número de habitantes de 30 mil na cidade e 2 mil no campo, ao ultrapassar esse limite, terão que ser criadas cidades ao redor de uma principal, criando uma interligação entre elas, através de vias de transporte rápido.
“ ... mediante o estabelecimento de uma outra cidade, sendo que, por razoes administrativas, haveria duas cidades; mas os habitantes de uma poderiam chegar à outra em poucos minutos, pois haveria um meio rápido de transporte e assim a população das duas cidades na verdade representariam uma única comunidade.” (CHOAY, 1979,pág. 226)
Enquanto a cidade industrial de Tony Garnier, ele não estipula valores limites, mas dá uma importância media de 35 mil habitantes,
“ ... o espaço cultural opõe-se ponto por ponto ao modelo progressista. Limites precisos são determinados para cidades.” (CHOAY, 1979, pág. 27)
O princípio para construção da cidade industrial é a divisão em zonas,
“No projeto da Cite Industrielle há uma clara separação entre as varias funções da cidade: trabalho, habitação, lazer e transporte. A industria é isolada da cidade propriamente por um cinturão verde ...” ( GIEDION, 2004, pág. 813 )
A fábrica fica em uma planície afastada da cidade, na confluência entre um rio e a torrente, no centro ficam os estabelecimentos públicos ( serviços administrativos, salas de assembléia ao sul da rua principal e coleções, estabelecimentos desportivos e de espetáculo ao norte ) alguns dispostos em jardins arborizados, cortados por passeios com fontes, bancos etc, os estabelecimentos sanitários ( hospitais, setor de helioterapia, setor de doenças contagiosas e setor dos inválidos) ficam situados na montanha, ao norte da cidade para serem protegidos dos ventos, as escolas ficam espalhadas por toda a cidade.
Enquanto isso na cidade-jardim possui no centro um jardim onde em voltam ficam os edifícios públicos, a indústria na periferia, no anel exterior da cidade estão localizados as lojas, manufaturas, mercados etc facilitando o transporte de mercadorias devido a proximidade com a ferrovia, tentam aproximar as atividades, evitando o zoneamento monofuncional.
O modelo progressista possui a concepção do indivíduo como indivíduo-tipo, assim como descreve Choay a respeito do que defendiam os progressistas:
“ (...)Quando fundam suas criticas da grande cidade industrial no escândalo do indivíduo alienado, e quando se propõem como objetivo um homem consumado, isso se dá em nome de uma concepção di indivíduo humano como tipo, independente de todas as contingências e diferenças de lugares e tempo, e suscetível de ser definido em necessidades-tipos cientificamente dedutíveis. Um certo racionalismo, a ciência, a técnica devem possibilitar resolver problemas colocados pela relação dos homens como meio e entre si. Esse pensamento otimista é orientado para o futuro, dominado pela idéia de progresso.” ( CHOAY, 1979, pág. 8)
Opondo-se a esse pensamento, o modelo culturalista defende que o ser humano é um individuo único mas grupal, tendo como ponto de partido o agrupamento humano e o conjunto da cidade.
“ Seu ponto de partida crítico não é mais a situação do indivíduo, mas a do agrupamento humano, da cidade. Dentro desta, o individuo não é uma unidade intermutável como no modelo progressista; por suas particularidades e sua originalidade própria, cada membro da comunidade constitui, pelo contrário, pelo contrário, um elemento insubstituível nela.” (CHOAY, 1979, pág. 11)
Outro aspecto que diferencia as duas cidades é a referencia à história e o rompimento. Na cidade industrial é demonstrada a ruptura total com o passado, buscando apenas o progresso, com soluções inovadoras e eficácias.
“Mas conforme a seu modernismo, rejeitam qualquer sentimentalismo com respeito ao legado estético do passado. Das cidades antigas, que devem ser replanejadas, só mantêm o alinhamento, praticamente esse urbanismo de ponta de faca que também satisfaz as exigências do rendimento.” ( CHOAY, 1979, pág. 23)
No projeto da cidade-jardim, Howard não aceita o presente e tenta negar o progresso, procurando voltar ao passando, imitando formas dos antigos e espaços.
“ Ele recorre à análise das cidades do passado (antiguidade ao século XV): é ali que, incansavelmente, estuda o traçado das vias de circulação, a disposição e as medidas das praças em sua relação com ruas que têm acesso a elas, com os edifícios que as delimitam, com os monumentos que as enfeitam.” ( CHOAY, 1979, pág. 27)
Essas são as principais diferenças referentes à cidade industrial de Tony Garnier e a cidade-jardim de Ebenezer Howard, porém as duas surgiram com o mesmo propósito, de buscar melhorias no bem estar das pessoas que moravam na cidade, diante de tantas mudanças que estavam ocorrendo e pelo caos que as encontrava.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário